Contra a PEC 241

Greve dos professores da UFPel deve começar oficialmente na segunda

Desde o final da tarde desta quarta-feira, os docentes paralisaram as atividades para incorporar o movimento que não para de crescer contra a Proposta de Emenda Constitucional

A greve dos professores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) é apenas questão de tempo. Desde o final da tarde desta quarta-feira (19), os docentes paralisaram as atividades para incorporar o movimento que não para de crescer contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241. Durante a assembleia geral, que durou quase três horas e provocou manifestações acaloradas, a categoria aprovou o indicativo, imprescindível - por questões legais - para que a greve pudesse ser, então, efetivamente deflagrada. É o que deverá ocorrer na manhã de segunda-feira, quando os professores voltam a se reunir.

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E, apesar de discordâncias sobre prazos para dar início à mobilização e o alerta de que o regimento da Associação dos Docentes (Adufpel) deveria ser respeitado - sob pena de denúncia e risco de multa aplicada pela Justiça -, o consenso existiu do início ao fim. Só há um rumo a ser adotado daqui para frente: buscar adesões e ir para as ruas com o compromisso de tentar barrar a PEC, que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos e representa clara ameaça aos serviços de educação e saúde - argumentavam.

"Temos que pensar na humanidade", afirmou, em apelo, o diretor da Faculdade de Educação (FaE), Rogério Würdig. Privatização do Ensino Superior no Brasil, exclusão social, desigualdade... A PEC 241 não deverá atingir apenas o ensino, a pesquisa e a extensão. A proposta do governo de Michel Temer (PMDB) vai muito além - defenderam diferentes nomes e vozes ao microfone. E o eco era apenas um: indignação.

Força estudantil
O engajamento dos estudantes da UFPel também se amplia. A greve, que começou na última quinta-feira com os alunos da Pedagogia, agora se espalha a outros quatro cursos de graduação: Ciências Sociais, Letras, História e Filosofia. Os acadêmicos de Psicologia e de Jornalismo também já avaliam a hipótese de parar, em protesto pela PEC que deve retornar ao plenário da Câmara dos Deputados, para segunda votação, na próxima semana. E a mobilização também começa a chegar à pós-graduação. Os alunos do mestrado da FaE tomaram a mesma decisão.

Surge Movimento Desocupa IF
O quarto dia de ocupação de alunos no Campus Pelotas do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) ganhou um elemento a mais: é o Movimento Desocupa IF, que também começou pelo Facebook e, nesta quarta, no final da tarde se transformou em manifestação em frente à instituição. A presença dos jovens que reivindicam a retomada das atividades ou, ao menos, acesso ao prédio para desenvolver projetos, acabou por acender ainda mais o ânimo entre quem repudia a PEC 241. Faixas, cartazes, tambores, palavras de ordem e panfletagem foram, mais uma vez, instrumentos de convencimento do Não vai ter PEC. Vai ter luta.

"Não concordamos com o jeito que foram tomadas as decisões. Queremos ter o direito de entrar e sair, sem precisar apoiar a opinião de quem fez a ocupação", enfatiza o aluno do curso de Tecnologia em Sistemas para Internet, Rafael Orlando, 26. E aproveita para criticar a falta de diálogo prévio sobre a PEC no IFSul, com o posicionamento de pessoas contra e a favor, sejam professores, técnico-administrativos, alunos, advogados ou economistas. "Isso, sim, é antidemocrático", rebate.

O estudante de Engenharia Elétrica, Davi Volcan, 19, reforça o coro do Desocupa IF e, com a Constituição Federal em mãos, sustentou a possibilidade de ingressar no prédio para ter a oportunidade de dar seguimento a quatro projetos de acessibilidade junto ao Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento; o 14, como o espaço é conhecido. "Não é uma atividade extraclasse, não sou bolsista. Historicamente desenvolvemos o trabalho em finais de semana, férias e em períodos de greve", defende. E admite: "Acho a PEC uma medida necessária, por mais cruel que pareça".

Mobilização também na Furg
Os técnico-administrativos da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) também deflagraram greve. No Hospital Universitário, em respeito às 72 horas legais, o movimento só terá início no sábado. Nenhum atendimento, entretanto, deixará de ser prestado à comunidade. "Nós temos a rigorosa responsabilidade de não piorar uma situação que já é caótica", resume o coordenador da Associação do Pessoal Técnico-Administrativo (AptaFurg), Celso Carvalho.
O engajamento dos profissionais do hospital tem um objetivo bem específico: sensibilizar a população - através de conversas e panfletagens - sobre a importância dos serviços; algo que poderia ficar sob ameaça com a aprovação da PEC 241. Daí a relevância de se juntarem à greve, ainda que a adesão não signifique, necessariamente, interromper as atividades para pressionar o governo.

Confira o calendário 
- Quinta-feira, 9h - Caminhada pelo Campus Carreiros. Concentração no Prédio 4.
- Sexta-feira, 9h - Assembleia da AptaFurg para definição das manifestações da próxima semana.
- Segunda-feira, 9h - Assembleia unificada das três categorias (técnicos, professores e alunos) junto ao salão social da Aprofurg
- Segunda-feira, 14h - Ato público junto ao largo Doutor Pio. Participam a Frente Brasil Popular, a Frente em Defesa do Serviço Público e o Comitê Unificado. Deve ocorrer uma passeata pelas ruas centrais.

 

 

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